::Iluminismo
O
Pensamento Iluminista.
No final do século XVII, tomou corpo na Europa Ocidental o Iluminismo, uma
nova maneira de pensar e entender o mundo físico e as pessoas que nele habitam.
Também chamado de Filosofia das Luzes, caracterizou-se principalmente pela
defesa do racionalismo (doutrina que afirma que tudo que existe tem uma causa
inteligível, mesmo que não possa ser demonstrada de fato, como a origem do
Universo. Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como
via de acesso ao conhecimento.) e pelo princípio da liberdade individual.
O Iluminismo foi a ideologia de uma classe social específica, a burguesia,
desejosa de abolir as estruturas econômicas e políticas, Mercantilismo e
Absolutismo, que ainda vigoravam na maior parte da Europa, e introduzir governos
representantes e liberdade de comércio.
No plano político, o Iluminismo questionou a teoria do Direito Divino dos Reis,
negando a interpretação de que o poder dos monarcas fosse uma determinação
divina. Do ponto de vista econômico, os filósofos das luzes criticavam o excesso
de intervenção do Estado no comércio e nas manufaturas, na medida em que tal
fato feria fortemente a liberdade, característica essencial humana.
A parte da burguesia que não estava satisfeita com o Absolutismo e o
Mercantilismo abraçou tais idéias, e foram elas que deram rumo à luta pela
conquista do poder, introduzindo os governos representantes e a liberdade de
comércio.
O
Que Diziam Os Filósofos Iluministas.
O Iluminismo foi constituído sobre alguns princípios considerados
revolucionários da época. A Razão (inteligência) é a única maneira de se obter a
sabedoria e o conhecimento. A realidade é percebida pelos sentidos, mas sua real
compreensão só é possível através da Razão.
O pensamento iluminista foi defendido por grandes pensadores, entre os quais se
destacaram John Locke, Montesquieu, Voltaire e Rousseau.
"O professor de filosofia de Sofia deveria ter enfatizado o quanto a filosofia
do Iluminismo francês foi importante para os idéias e princípios sobre os quais
se fundamenta a ONU. Há duzentos anos, as palavras liberdade, igualdade e
fraternidade serviam para unir a burguesia francesa. Hoje essas palavras têm a
tarefa de unir todas as pessoas do mundo".
(GAARDER, J., p.343.)
O iluminismo tem origem no Renascimento, o primeiro grande momento de construção
de uma cultura burguesa, na qual a razão e a ciência são as bases para o
entendimento do mundo. Para o iluminismo, Deus está na natureza e no homem, que pode descobri-lo por
meio da razão, dispensando a Igreja.
Afirma que as leis
naturais regulam as relações sociais e considera os homens naturalmente bons e
iguais entre si quem os corrompe é a sociedade. Cabe, portanto, transformá-la e
garantir a todos liberdade de expressão e culto, igualdade perante a lei e
defesa contra o arbítrio. Quanto à forma de governo para a realização da
sociedade justa, uns defendem a monarquia constitucional; outros, a república.
Outra obra tipicamente iluminista é Enciclopédia, elaborada pelos franceses
Denis Diderot (1713-1784) e D´Alembert (1717-1783), com o objetivo de organizar
o conhecimento existente na época sobre artes, ciência, filosofia e religião. Na
economia, o iluminismo é representado pela fisiocracia, que considera a terra
única fonte de riqueza de uma nação, e pelo liberalismo econômico, que defende a
não intervenção do Estado na economia. As idéias iluministas influenciam alguns
governantes, que procuram agir segundo a razão e o interesse do povo, sem
contudo abrir mão do poder absoluto o que dá origem ao desportismo esclarecido no
século XVIII.
Segundo John Locke, os homens aceitaram a existência de um governo objetivo de
proteger suas vidas, liberdade e propriedade. No entanto, o Estado absoluto era
limitador da liberdade, daí suas críticas a ele e a defesa do princípio de que o
povo tinha o direito de afastar do poder o governante que se excedesse,
defendendo o individualismo liberal contra o absolutismo monárquico.
Para evitar a tirania, Locke propunha um contrato entre governantes e
governados, com direitos e deveres de cada um. Nada mais, nada menos que uma
Constituição.
Montesquieu, como muitos filósofos iluministas, desprezava as camadas populares,
defendendo a participação da burguesia nos destinos do país. Foi sua proposta de
divisão de poderes Do Espírito das Leis (1751)_, que eram o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário, de forma a evitar a tirania causada pela concentração
de muitas funções nas mãos de um a ou poucas pessoas.
Defensor ardoroso da liberdade das pessoas, Voltaire (François-Marie Arouet
1694-1778) critica a Igreja e defende a monarquia comandada por um soberano
esclarecido, não aceitando a existência de governos absolutistas. Em razão de
suas idéias, esteve preso na França e foi exilado na Inglaterra.
Jean-Jacques Rousseau torna-se o iluminista mais radical, precursor do
socialismo e do romantismo. No livro O Contrato Social (1762) posiciona-se a
favor do Estado democrático, voltado para o bem comum e a vontade geral, que
inspira os ideais da Revolução Francesa. Para Rousseau, o governo tinha a função
principal de executar a vontade da sociedade e, assim, as pessoas podiam
destituí-lo todas as vezes que julgassem necessário. É dele a noção do bom
selvagem, que representa o homem nascido bom e sem vícios, mas depois pervertido
pelo meio social.
Embora a doutrina das luzes
representasse o modo de pensar de uma parcela da burguesia, ela foi também
"adotada" por monarcas absolutistas de alguns países europeus, tais como a
Prússia, Rússia, Áustria e Portugal. Em uma tentativa de modernizar seus países,
os reis procuravam aconselhar-se com filósofos iluministas e fizeram algumas
concessões de ordem econômica de modo a satisfazer determinado setores da
burguesia.
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